O movimento Movimento Global Virada Feminina e a ativista Maria da Penha lançaram o nome da juíza de Mato Grosso, Amini Haddad Campos, para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). A vaga para uma cadeira na Corte Suprema deve ser aberta com a aposentadoria do ministro Ricardo Lewandowski, que completa 75 anos de idade em maio e deve se aposentar em abril.
Maria da Penha, que dá nome à Lei de combate à violência contra mulheres, defende a indicação da juíza mato-grossense em um vídeo divulgado pelo Movimento Nacional de Mulheres. Nele, a fundadora e presidente vitalícia do Instituto Maria da Penha diz que não ficará surpresa se a juíza Amini for indicada para o STF. “Sempre demonstrou uma grande atuação no campo dos Direitos Humanos. Você reúne muitas qualidades, como compromisso e dedicação, inclusive na redação em defesa da Lei batizada com meu nome, por isso tenho certeza que poderá realizar um grande papel no STF”.
Há alguns anos as instituições sociais sugerem o nome da juíza, que atua desde 1999 no combate à violência contra a mulher. Em 2021, o nome dela também foi indicado para ocupar a vaga aberta com a aposentadoria do ministro Marco Aurélio Melo.
A magistrada disse que é uma honra ter seu nome indicado. “É uma alegria assistir todo esse movimento de mulheres. Há mais de 30 anos participo dessa história, isso deu solidez aos meus passos e uma missão à minha existência. Vim de uma família de sírios libaneses. Tive que, muito cedo, fazer audível a minha voz, questionava sempre uma cultura que me calava. Estava no meu sangue acreditar na equidade. Tive uma avó que me fazia recordar sempre que deveria lutar pelo meu lugar no mundo e que isso seria exemplo para outras pessoas construírem relações mais equilibradas”, recordou, agradecendo ao Movimento Global Virada Feminina, a BPW-Brasil, Grupo Mulheres do Brasil, a Associação Brasileira de Mulheres de Carreira Jurídica, Grupo Mulheres do DF e todos os apoios vindos de vários municípios e estados.
Amini Haddad Campos afirmou que qualificou os horizontes, com especializações, mestrado, dois doutorados e um pós-doutorado, e atuação acadêmica. “Mas, a dedicação ao conhecimento só tem sentido se puder trazer melhorias à comunidade. Foi o que fiz sinalizar na minha trajetória. Aprendi muito com as pessoas ao meu redor, homens e mulheres, nunca desmereci ninguém. Todos, dos mais humildes até aqueles que alcançaram condições de liderança, me ensinaram. Só assim cheguei até aqui. Sei que é quase missão impossível chegar ao STF, mas, alegro-me pela simples apresentação do nome. Independentemente de um resultado, continuarei a fazer o meu melhor onde quer que eu esteja. A voz da nossa Maria da Penha me emocionou muito, muito mesmo. Ela, com seu exemplo de força, me fez mais forte”.
De acordo com a magistrada, ter atuado na redação da Lei Maria da Penha e para a aprovação da mesma foram passos preciosos. “Vejo minha filha Natálie e meu filho Tales (ambos adultos, com 22 e 18 anos, respectivamente) e fico com mais encorajamento, mais esperança na construção de um novo amanhã. E essa história é muito maior que a minha existência. Pertence a algo muito mais significativo, que assinala o verdadeiro preceito do que indicamos como princípio de Justiça. Independente de um nome, isso prevalecerá”.
Segundo a presidente da Associação Mato-grossense de Magistrados (Amam), Maria Rosi de Meira Borba, este é um reconhecimento pela atuação da magistrada em prol de uma sociedade mais justa e igualitária. “A indicação do nome da juíza Amini Haddad Campos só nos faz enaltecer ainda mais o trabalho dela como magistrada, sempre comprometida com a defesa de direitos humanos. Para a magistratura estadual, sem dúvidas, é motivo de muito orgulho, ressalta.
Mais de 20 anos na magistratura
Titular da Vara Especializada de Execução Fiscal de Cuiabá, a juíza Amini Haddad Campos também atua, atualmente, como auxiliar da Presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Com mais de 25 anos no Judiciário de Mato Grosso, possui várias publicações no currículo e integra a Academia Mato-Grossense de Letras (AML) e a Academia Mato-Grossense de Magistrados.
Amini Haddad Campos é formada em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), onde atua como professora da faculdade de Direito. Possui doutorados em Direito Civil pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e em Direitos Humanos pela Universidad Católica de Santa Fé (Argentina).